domingo, 9 de outubro de 2011

Um sonho

Um sonho que se repete:

Noite. Casa de fazenda.
Estou sentada numa cadeira na sala. De costas, um rabo de cavalo enorme, mas de cor diferente da do resto do meu cabelo. Preto.
Procuro meu cigarro e não encontro. Ouço o relincho e as patadas dos cavalos que estão no estábulo. Vou ver o que há.

Noite. Exterior.
A porta do estábulo. Abro a porta e quase sou atropelada pelos cavalos que saem galopando, fortes, livres, em fuga. Desatam em debandada. Quase me atropelam. Me assusto.

Interior do estábulo. Cada baia vai se revelando vazia, até que numa delas encontro Rainer, sentado numa cadeira. Ele tem meu maço  no bolso. Pega um cigarro e me pede fogo. Close do fogo no palito que eu seguro, encostando na ponta do cigarro. A brasa do cigarro aumentando com a tragada. A fumaça dispersando no ar. Uma brasa caindo no feno do chão. Não sabemos se caiu do meu palito ou do cigarro de Rainer. Assim que a brasa cai, um incêndio lambe o estábulo. Rainer queima, sentado, enquanto fuma o cigarro. Tranquilamente. Um sorriso cínico, quase, no canto esquerdo da boca.

Saio correndo do fogo e do lado de fora meu olhar sobe como se fosse uma grua de cinema, que sobe até ver a cena de cima: bandos de cavalos correndo como rios ao redor do estábulo em chamas. A luz do fogo sobre o dorso dos cavalos marrons tornando-os laranja.


Ulrika (Letícia Isnard)

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