quinta-feira, 6 de outubro de 2011

LUCERA

Lucera sempre foi estranha. Desde pequena. Nunca teve um comportamento normal e acabava se isolando das outras crianças. Não brincava, comia pouco, não tinha amigas e a única coisa que a entretia era a leitura. Gostava de se encerrar em algum cômodo da casa para ler e ali ficava durante horas. Uma chata. E ainda é chata. Só que, agora, isso pode incomodar. Ela cisma com algumas coisas e não descansa enquanto aquilo não for resolvido. Ultimamente anda perguntando sobre o passado. Quer saber de onde veio. E coloca as coisas como se nós fôssemos os culpados pela sua situação. Mas se esquece de nos agradecer. Se esquece que só está viva por nossa causa. Se esquece de que fomos nós que a criamos e a educamos da melhor maneira possível. E eu acho isso uma sacanagem! Nunca tive saco pra Lucera. E agora menos ainda. Ao contrário do Ivan. Ele sempre quis ser o pai e sentia muito ciúme quando algum de nós assumia o papel. Acho que desde sempre ele foi apaixonado por Lucera. Amor, na minha opinião, doente. Mas quem sou eu pra julgar alguém? Só quero um pouco de tranquilidade pra resolver alguns problemas, cair fora e não pensar em mais nada. Ulrika merece, apesar de tudo. E Lucera tem que parar de encher o saco...

RAINER (José Karini)

Nenhum comentário:

Postar um comentário