quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Cavalo-mania


Na pré-adolescência , começa em muitas meninas uma verdadeira cavalo-mania. Fabricantes de brinquedos criaram numerosas variações que satisfazem as meninas provisoriamente. Com esses brinquedos, elas podem, em nível simbólico, agir como cavalos e expressar no jogo tudo o que as emociona, dá medo ou mexe com as suas mentes. (...) De onde vem a grande força de atração que os cavalos têm sobre as nossas filhas?

Sabemos, pela história e pela mitologia, que o cavalo acompanhou o homem desde sempre. Fora o cachorro, não existe nenhum outro animal que tenha servido ao homem de tantas maneiras diferentes. Ninguém esperava que os cavalos, que desde os anos 50 foram assumindo aos poucos a agricultura, voltassem a ser usados e criados em um número tão grande.

O cavalo é um símbolo arquetípico, ou imagem primordial com o qual o homem pode se comunicar de maneira única. (...) O cavalo alado supera espaço e tempo e mantém contato com os deuses. Será por isso que nós, mulheres, temos uma relação especial com eles? Unicórnios são seres lendários de enorme beleza. Um mito de importância especial se evidencia nos centauros. Eles têm corpo de cavalo, mas cabeça e peito de homem, o que poderia ser interpretado como simbiose dos impulsos animalescos com a razão humana.

Os psiquiatras de crianças e adolescentes consideram os cavalos extremamente adequados quando para simbolizar os desejos e medos das meninas. Sejam quais forem os motivos, muitas meninas amam os cavalos, e o contato com esses animais faz bem a elas. Quem aprender, com sucesso, a lidar com um cavalo ganhará autoconfiança, porque um cavalo é sempre mais forte do que o ser humano, mas se deixa, mesmo assim, conduzir e dirigir por ele.

Na análise dos psiquiatras, como parceiro o cavalo não tem muitas exigências e é pouco problemático. (...) Através deles, as meninas compreendem que compromissos são possíveis sem perder a dignidade e que adaptação não significa submissão. As características que, à primeira vista, parecem contraditórias - grandeza, força, velocidade de um lado, submissão e obediência por outro - estão reunidas nesse amigo forte, encorajando, assim, a jovem a tentar também juntar aparentes oposições.

As meninas, quando em cima de um cavalo, vivenciam que atitudes comportamentais como ser simpática e delicada e, por outro lado impor-se e exercer poder são possíveis e compatíveis. Cavalos aumentam a força de vontade e a necessidade de se impor das meninas, porque elas têm que dominar o cavalo e, ao mesmo tempo, respeitar as regras. (...) O cavalo parece adequado a transmitir às meninas, sob muitos aspectos, o passo de que elas precisam para entrar na vida de mulheres adultas. Cavalgando e cuidando desse animal simbólico, elas vivenciam a sensação de estarem protegidas, mas também as de autonomia e poder.

PREUSCHOFF, Gisela. "Os primeiros anos na vida de uma menina".

 Ulrika (Letícia Isnard)

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