quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Um simples ataque de pelanca

No início, tudo são flores. Novidades, expectativas, descobertas. Mas chega um momento, lá pelo meio do caminho, em que nos deparamos com dificuldades que não prevíamos, ou que esperávamos que não viessem – ao menos com a intensidade com que por vezes se apresentam.

Pois nesta semana, ao final de um dia de ensaio, me bateu uma crise repentina e por uns momentos me vi em guerra com Lucera. Uma ansiedade como se a estréia fosse no dia seguinte, como se não houvesse um diretor como parceiro, como se ainda não existissem algumas semanas de muito trabalho, fundamentais para que atriz e personagem se entendam e cheguem a um lugar especial, de cumplicidade, em que uma vai se orgulhar e crescer com a outra. E, assim, dar início a uma temporada que siga gerando frutos e abrindo caminhos que estreitem ainda mais essa relação.

O fato é que não é fácil aceitar que às vezes o personagem não é dado de bandeja pelo autor. Que ele tem conflitos também obscuros, atitudes a princípio incoerentes, e que é preciso muita pesquisa e dedicação para que tudo vá se encaixando e clareando aos poucos. Minha reação imediata foi culpar esse autor, reclamar dessa personagem e cobrar do diretor uma ajuda para encontrar a luz no fim desse túnel, mais comprido do que eu calculava.

Mas bastou um “dia seguinte” e um diretor sereno e esperto para que, com apenas um exercício de menos de uma hora – mas objetivo e certeiro – meu histerismo tenha dado lugar à confiança nas quatro semanas que nos restam. Na função que elas terão no processo de construção desse personagem e de suas relações com os demais. Lucera é estranha sim, é enigmática sim. Mas é justamente isso que faz dela alguém especial, cuja história merece ser contada e desvendada, como propõe o autor. E agora, chega de choramingos e mãos à obra.

Elisa Pinheiro (Lucera)

Um comentário:

  1. Muito bacana o seu depoimento, Elisa. Estou ansiosa pela estréia! beijos a todos e bom trabalho.

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