Pois nesta semana, ao final de um dia de ensaio, me bateu uma crise repentina e por uns momentos me vi em guerra com Lucera. Uma ansiedade como se a estréia fosse no dia seguinte, como se não houvesse um diretor como parceiro, como se ainda não existissem algumas semanas de muito trabalho, fundamentais para que atriz e personagem se entendam e cheguem a um lugar especial, de cumplicidade, em que uma vai se orgulhar e crescer com a outra. E, assim, dar início a uma temporada que siga gerando frutos e abrindo caminhos que estreitem ainda mais essa relação.
O fato é que não é fácil aceitar que às vezes o personagem não é dado de bandeja pelo autor. Que ele tem conflitos também obscuros, atitudes a princípio incoerentes, e que é preciso muita pesquisa e dedicação para que tudo vá se encaixando e clareando aos poucos. Minha reação imediata foi culpar esse autor, reclamar dessa personagem e cobrar do diretor uma ajuda para encontrar a luz no fim desse túnel, mais comprido do que eu calculava.
Mas bastou um “dia seguinte” e um diretor sereno e esperto para que, com apenas um exercício de menos de uma hora – mas objetivo e certeiro – meu histerismo tenha dado lugar à confiança nas quatro semanas que nos restam. Na função que elas terão no processo de construção desse personagem e de suas relações com os demais. Lucera é estranha sim, é enigmática sim. Mas é justamente isso que faz dela alguém especial, cuja história merece ser contada e desvendada, como propõe o autor. E agora, chega de choramingos e mãos à obra.
Elisa Pinheiro (Lucera)
Muito bacana o seu depoimento, Elisa. Estou ansiosa pela estréia! beijos a todos e bom trabalho.
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