Ontem, quando entramos na sala de ensaio, nos deparamos com um novo espaço. Aquele onde ensaiamos nos últimos dois meses já não existia. As tábuas corridas de madeira, as paredes pretas e os praticáveis de diferentes níveis continuavam lá, mas estavam revestidos da obra de arte que é o cenário de Flavio Graff. Além disso, Paulo Cesar Medeiros preparou sua potente luz para nos receber, conferindo ao espaço o clima que a peça tem – que buscamos nas relações entre os personagens – mas que, plasticamente, ainda não sabíamos exatamente como seria. Eu, pelo menos, descobri que não fazia a mais vaga idéia, pois fui absolutamente surpreendida pela beleza e força daquelas peças e daqueles refletores, que usam recursos simples para criar ambientes que variam da extrema potência até a enorme delicadeza, passando, é claro, pela mais crua violência.
É muito animador perceber como esses novos elementos podem trazer ainda mais vida a um processo que já é por si só estimulante. Artistas que se juntam, idéias que se completam, materiais que dão nova luz a questões emperradas, ou então tidas como solucionadas. Esse momento nos dá cada vez mais a certeza de que arte é movimento, que as possibilidades são infinitas, que o que fazemos sempre pode ser mais rico, mais interessante, e que temos que dar um fim porque não há outra possibilidade, se não a de não estrear jamais.
Depois de inseguranças, crises e emoções à flor da pele, a impressão é que tudo passa a se ajustar e que os deuses do teatro começam realmente a trabalhar. E os que atendem pelos nomes de Flávio Graff e Paulo César Medeiros são os que merecem os agradecimentos especiais dessa semana.
Elisa Pinheiro (Lucera)
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