quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Quase um recomeço

Ontem, quando entramos na sala de ensaio, nos deparamos com um novo espaço. Aquele onde ensaiamos nos últimos dois meses já não existia. As tábuas corridas de madeira, as paredes pretas e os praticáveis de diferentes níveis continuavam lá, mas estavam revestidos da obra de arte que é o cenário de Flavio Graff. Além disso, Paulo Cesar Medeiros preparou sua potente luz para nos receber, conferindo ao espaço o clima que a peça tem – que buscamos nas relações entre os personagens – mas que, plasticamente, ainda não sabíamos exatamente como seria. Eu, pelo menos, descobri que não fazia a mais vaga idéia, pois fui absolutamente surpreendida pela beleza e força daquelas peças e daqueles refletores, que usam recursos simples para criar ambientes que variam da extrema potência até a enorme delicadeza, passando, é claro, pela mais crua violência.


É muito animador perceber como esses novos elementos podem trazer ainda mais vida a um processo que já é por si só estimulante. Artistas que se juntam, idéias que se completam, materiais que dão nova luz a questões emperradas, ou então tidas como solucionadas. Esse momento nos dá cada vez mais a certeza de que arte é movimento, que as possibilidades são infinitas, que o que fazemos sempre pode ser mais rico, mais interessante, e que temos que dar um fim porque não há outra possibilidade, se não a de não estrear jamais.


Depois de inseguranças, crises e emoções à flor da pele, a impressão é que tudo passa a se ajustar e que os deuses do teatro começam realmente a trabalhar. E os que atendem pelos nomes de Flávio Graff e Paulo César Medeiros são os que merecem os agradecimentos especiais dessa semana.


Elisa Pinheiro (Lucera)

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