segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Um texto como referência visual


          

            – Já viram o texto da Analu?
– Gente, olha o que a Analu fez no texto dela!
– Que máximo, Analu! Você sempre faz isso nos seus textos?

Sim, Analu transforma seus textos em obras de arte, instalações, ricas criações visuais, usando as mais variadas referências. Desde recortes de revistas até tecidos com textura de pelo de animal, passando por poesias e insetos de borracha. E a beleza do trabalho está tanto em si mesmo quanto no que ele representa. A entrega de uma atriz a um projeto é tão inspiradora para nós, o restante da equipe, quanto a arte de Analu é para ela em relação à peça. É bela e, ao menos para mim, inovadora. Algo que precisa ser visto, que merece circular, como parte integrante e fundamental do espetáculo. Ao mesmo tempo, existe também como obra por si só, ainda que embalada pelo processo do grupo. E é animador ver como um trabalho interfere e modifica o outro, como pode ser concreto o caminho criativo de uma atriz ao longo de um período de ensaios. Como se a arte de Analu materializasse nossas discussões, desse de fato uma imagem a elas, trouxesse nova luz a nossos questionamentos.

“É incrível como, quando estamos em fase de construção de um espetáculo, as referências caem nas nossas mãos como que por milagre”. Chegamos a conclusão semelhante no dia em que Analu nos contou sobre um livro de fotografias premiadas de cavalos que chegou até ela quando procurava outra publicação. Mas há uma explicação menos romântica e metafísica – não tão bela – que provavelmente corresponde melhor à realidade. Acho que, nesse período, nossa percepções ficam focadas em tal tema, tais idéias, e as antenas seguem voltadas para essa direção. E Analu, mestre em sensibilidade, encontra nas mais diversas fontes sinais passíveis de enriquecer sua visão sobre seu personagem e a peça como um todo.

Elisa Pinheiro (Lucera)

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